terça-feira, 30 de outubro de 2007

alimentando o monstro

É, de fato, muito poderoso essa coisa de internet.
Como blogueira iniciante ainda me assusto e me entusiasmo com as ramificações que se abrem atrás e acima da minha máquina, uma coisa dita ou mostrada aqui ou ali se espalha em tentáculos que se cruzam, emaranham e encontram outros troncos. Uma fantástica selva de informações onde mora o monstro. Para chegar neste monstro e na sua estrondosa gargalhada, vou contar esta história que começou há alguns dias numa das conversas com minha amiga Beá.

A Beá é recém-bloqueira também e, duas principiantes, trocam informações. Escrevi:
“Estava pensando que a cada vez que inserimos uma imagem por nós produzidas na internet, de certa forma, alimentamos um ser gigantesco com nossos olhares, este ser que cresce em repertório somando milhares de olhares do mundo todo. Somatória de repertórios, massa de imaginário coletivo, pulpa do novo em constante gestação e renovação...
É bom fazer parte!”

A Beá respondeu:
“Estou há horas pensando neste monstro invisível que estamos alimentando com a nossa própria imaginação!
Me deu até um pouco de medo.”

E depois ela veio com esta. Contou que havia comentado sobre o monstro com um amigo, o Clode, e que ele havia incorporado o bicho na crônica dele de hoje

Beá:
“Uma amiga me falou que estamos alimentando um monstro virtual com a nossa imaginação.
É mesmo um pouco assustador.
Quanto a banalização, não há prazer maior, que ver tudo sendo lavado pela correnteza."

Clode:
“Tomei seu comentário - de que tanto gostei - por empréstimo para a croniquim de hoje, mais um barquinho correnteza abaixo. Ei-la:”

Fadas (leia na integra)

...“Estaria nossa imaginação "alimentando um monstro virtual", como sugeriu a amiga da amiga? O dragão da Lua de São Jorge artificial. Bip, bip, bip! - e o Sputnik daria outra volta, ele que passará eternamente com seu inconfundível bip, bip cinqüenta anos depois,sempre! "Quanto à banalização", assinala ainda a amiga, "não há prazer
maior, que ver tudo sendo lavado pela correnteza."...


E aí o monstro gargalhou, sabedor de seu poder muito maior que nossa falida tentativa de ter controle sobre alguma coisa.
Será tudo lavado e levado correnteza abaixo!

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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

97




afazeresdomésticos





sábado, 27 de outubro de 2007

polvo



durante conversa de polvo, ontem

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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

casulo


casulo b




casulo be




casulos bee


deeptico para/do casulo do guga

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Deeptico





deeptico b


Hoje o Guga colocou no blog dele um deeptico em resposta aos dípticos. Sim, já entrei na brincadeira. A cicatriz dele me levou a este trabalho que fiz há alguns anos atrás. Foi feio em cinco partes. Cinco pedaços de papelão modulares, comecei com um e o desenho me pediu mais quatro.

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quarta-feira, 24 de outubro de 2007

da janela




Olha que legal, acabei de receber da m.j. este desenho que fiz da janela do quarto das crianças lá da casa velha. Outro dia ela veio aqui, levou o desenho e disse que ia scanear e agora, aí está! Dá para reconhecer? é um trecho da Heitor Penteado vista da Vila Beatriz.

dípticos, mais fotos





terça-feira, 23 de outubro de 2007

dípticos



Tenho uma grande amiga escritora e ótima contadora de casos, a franka.
Já fizemos muita coisa juntas como faculdade, atelier, filhos, conversas e projetos.
Escrevemos o que daria hoje algo como cinco livros do tipo publicado. Depois de escrever este tanto, e falado outro tanto, resolvemos mudar de linguagem, fomos ao desenho. De volta ao desenho, ela e eu depois de tanto tempo. Na faculdade chegamos a fazer desenhos a quatro mãos, imensos cartazes para as palestras do tgi, cada uma desenhava de um lado, a cada tempo, invertia.

Mas agora que voltávamos, veio a questão: o que desenhar?
Ah, pergunta fácil: uma desenha a outra, oras. Isto durou anos, nos reuníamos e desenhávamos no mesmo tempo, com o mesmo material, sobre o mesmo papel do mesmo formato -geralmente um papel partido em dois- e praticamente com a mesma idade dos filhos. Isto para mulher quer dizer muita coisa, geralmente é a medida da autonomia.

Este material, que hoje enche uma gaveta de mapoteca, foi caseiramente fotografado, reduzido, recheado por alguns textos e encadernados em forma de um livrinho.
Chama-se Dípticos. Os desenhos estão lado a lado, os meus e os dela, quer dizer os desenhos que ela fez de mim e os que eu fiz dela.
Não vou ousar tentar escolher um dos dípticos para postar aqui, impossível.

Algum tempo depois, chamei alguns amigos e montei uma pequena mostra, com a ajuda de outra grande amiga Cmyk. Uma das salas foi inteiramente revestida, do piso ao teto, com os “originais” dos dipticos, dava até tontura- uma experiência e tanto!




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desculpe-me, franka, neste caso tarja não se aplica


registros verídicos



franka dorme, sob guarda, após estimulante disputa

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

ventos de campos

achados
e recolhidos numa montanha de Campos


curioso, penso agora, que os campos estavam completamente floridos de cores vibrantes
e nenhuma flor sequer foi colhida


vento


o vento me presenteou com uma de suas possíveis formas




que encontrou semelhança por entre outras

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se repararem bem, uso este talismã-vento como bracelete na luta com a franka

domingo, 21 de outubro de 2007

orelhas II


Entre as sementes de orelha de macaco de São Miguel das Missões,
encontrei uma dupla, encaixada.





Não podia deixar que apodrecesse, queria mais tempo.
Dupliquei-lhe a forma, hoje é de latão.




ficou mais pesada, mais fria e não chocalha ao ser chacoalhada, pena,
pudera, é apenas um simulacro.
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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sol da Bolívia


Tirei esta do Jardim Botânico do Rio, a luz estava um pouco dura. É um Sol da Bolívia. Fiquei encasquetada com esta imagem. Por que t a n t o broto ao mesmo tempo? tanta disputa?
Pensa, e se isso fosse uma cabeça? que fazer com tanta idéia?

No sitio do meu pai, tem um exemplar, acompanho-o desde o meu início, porque ele já estava lá desde quando aprendi a olhar. Ele demorou muito para crescer, muito, a cada bifurcação ele lançava dezenas de brotos e aquele fervilhar custava a decidir um novo galho. Foi uma festa quando conseguiu pôr uma flor, quase quarenta anos depois, maravilhosa ela.

A isso tudo dediquei esta colagem que, naturalmente, demorou a ser concluída.




Foi o que me lembrou a treeciRcle do guga.

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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

orelha



Era noite sem lua em São Miguel das Missões, às cegas, disparei para desvendar o repouso da árvore. O troco me surpreendeu branco, mas só o tronco e mais nada? O que foi feito da folhagem? Era frondosa à luz do sol.

Naquela mesma manhã havia colhido várias sementes aos pés daquela árvore, sementes negras. O nome era orelha de macaco, para mim, sementes da escuridão.




sementes



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quarta-feira, 17 de outubro de 2007



organelas



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segunda-feira, 15 de outubro de 2007



desdobramentos do vazio

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

através



através

Instrumentos de ver , maneiras de ver, amplitude de visão...
Era uma questão presente na época que comecei a fazer este novo objeto, tamanho era envolvimento que a coisa saiu grande. Não foi intencional, quer dizer, não parti disso, o tamanho foi sendo, os arames se escolheram grandes e quando a estrutura ficou pronta, percebi que seria um desfio de corpo inteiro. E assim foi acontecendo, comecei a derme de espuma e surgiu a questão de como revestir o interior, percebi que se fechasse não teria como trabalhar por dentro depois. Então a derme e a membrana interna foram sendo construidas simultaneamente, macias e nervuradas. Por fim, a costura externa da pele fria da lycra.
Chamei a peça de através.


O curioso aconteceu quando convidei alguns amigos para virem conhecer.
Não sei muito bem como foi que aquilo aconteceu, mas quando vi um curioso ritual acontecia. Um de cada vez, mergulhava de cabeça por um lado e pelo outro era fotografado!



Ao final, ganhou um novo nome: a grande mãe!



quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Desvendando a paisagem


assim se produz a neblina


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

ode à primavera




Gorjeios
Manoel de Barros


Gorjeio é mais bonito do que canto porque nele se
inclui a sedução.
É quando a pássara está enamorada que ela gorjeia.
Ela se enfeita e bota novos meneios na voz.
Seria como perfumar-se a moça para ver o namorado.
É por isso que as árvores ficam loucas se estão gorjeadas.
É por isso que elas deliram.
Sob efeito da sedução da pássara as árvores deliram.
E se orgulham de terem sido escolhidas para o concerto.

As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.

domingo, 7 de outubro de 2007

Projeto Duplas


dupla


Tenho uma grande amiga que se mudou para o Rio, vive lá hoje à beira-mar. Na época tínhamos uma intensa troca criativa que passou então a ocorrer via e-mail.
Quando meu filho entrou na FAU, logo nas primeiras semanas de aula, ele teve um exercício de desenho incrível: dois modelos nus, no centro do Salão Caramelo (espaço central magnifico em torno do qual se desenvolve todos os ambientes da faculadade) e os alunos todos alí, ao redor, retratavam o que viam ou o que eram capazes de registrar. Escrevi para a Beá (talentosa artista, escritora de livros de arte e professora de arte, Beá Meira, a minha amiga) sobre isso, achava legal o curso de arquitetura ter incorporado uma prática que no ‘nosso tempo’ acontecia nos nossos ateliers, contratávamos modelos e os desenhavamos até destitui-los de formas.
Ela, em resposta, simplesmente me enviou uma foto da Candinha, tirada em 2004 (uma ano antes) da tal atividade. Quando vi a imagem, quase pirei com a percepção que centenas de olhos retratando uma mesma cena, simultâneamente, de tantos ângulos de visão, era o que de mais próximos poderíamos chegar da noção da verdade. Era um mosaico da realidade tão complexa quanto ela mesma. Escrevi isso a ela, e anexei uma imagem que, para mim, trazia a vivência oposta, era uma pintura do Gustavo Courbet, onde ele retrata um estúdio de pintura, o pintor no centro da cena pintava uma paisagem ausente a dezenas de pessoas e situação que estavam ao seu redor.
Alí começou um deliciosa troca de figurinhas: o que veio depois a se chamar projeto Duplas. Seguimos brincando disto ao longo de alguns meses. Imagens, impressões, comentários, mais imagens e o jogo foi se estruturando. As duplas de imagens principais ganhavam um nome, as impressões eram escitas, a partir delas outras imagens eram geradas por nós e ainda mais imagens eram anexadas por associação às principais. A Beá deu uma cara ao projeto, ordenou, concebeu o formato, hoje tem 80 páginas. Era tão divertido que começamos a convidar amigos a participar:

O PROJETO DUPLAS começou numa troca de e-mails entre duas amigas. Inventamos um diálogo através de imagens de obras de arte que virou um jogo com abertura para quatro categorias de participação: 1º Formar duplas de imagens. O interesse por uma obra e a livre associação nos leva à escolha de outra por confronto ou semelhança. 2º Produzir ou inserir textos sobre as duplas. 3º Novas imagens lembradas são inseridas como ressonâncias. 4º Imagens realizadas pelos participantes, entram como reverberações. Utilizando comunicação multidirecional e uma iconografia que dificilmente seria autorizada para este fim no mercado editorial, estamos construindo um e-book aberto, que pode ser modificado a qualquer momento. É uma troca de repertório iconográfico que cresce com novos participantes gerando uma massa informacional coletiva. O jogo surpreende pelas inusitadas conexões que cada participante cria entre as imagens que temos como referências e as que nos são oferecidas como verdadeiros presentes.

Hoje apresento a primeira dupla, suas impressões, "reverberações" e ressonâncias.
Depois imagino colocar outras e quando a Franka, minha mestra, me lembrar como inserir um link, passo o endereço do Memefest onde o projeto foi inscrito e está disponível.



descrição

"reverberações"/ressonâncias


sábado, 6 de outubro de 2007

progressão


superfície pentagonal em ouriçamento


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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

relexos

por vezes o interior só se revela por reflexo




esta peça começou com uma estrutura de arame, recebeu corpo de espuma e revestimento em tecidos, (os tecidos são de restos de tapeçaria que um antigo vizinho tapeceiro guardava para mim) depois entrou o espelho redondo que encontrei numa calçada, nos restos de mudança de alguém, os botões amarelos eram da coleção de botões que herdei de minha avó.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

reflexos/ Veneza



São trechos do livro Marca D'água, Joseph Brodsky, são impressões sobre a cidade de Veneza que ele visitava sistematicamente a cada inverno:

"Sempre concordei com a idéia de que Deus é tempo, ou pelo menos de que seu espírito o é. ... sempre pensei que se o espírito de Deus se movia sobre a face da água, a água tinha de refleti-lo. Daí meu sentimento pela água, suas dobras, rugas, ondulações... Simplesmente penso que a água é a imagem do tempo, e a cada véspera de Ano Novo, de um modo um tanto pagão, tento ficar perto da água, preferivelmente à beira de um mar ou de um oceano, para olhar o surgimento, a partir dela, de uma nova ajuda, um novo punhado de tempo. ... procuro uma núvem ou uma crista de uma onda quebrando na margem à meia-noite. Isso, para mim, é o tempo que sai da água, e fico olhando o desenho semelhante a renda que ela depõe na margem, não com conhecimento cigano, mas com ternura e gratidão.

Esse é o modo, e em meu caso o porquê, como eu ponho os olhos nesta cidade. Não há nada de freudiano nessa fantasia,... embora se pudesse estabelecer alguma conexão evolucionista... entre o desenho que uma onda deixa na areia e seu exame por um descendente do ictiossauro...
A renda vertical das fachadas venezianas é o melhor verso que o tempo-água deixou em terra ferma em qualquer lugar. Além disso, há sem dúvida uma correspondência, se não uma dependência total, entre a natureza retangular desses expositores da renda - ou seja, os prédios locais- e a anarquia da água que refuta a noção de forma. É como se o espaço, aqui mais do que em qualquer outro lugar, cônscio de sua inferioridade em relação ao tempo, lhe respondese com a única propriedade que este não possui: a beleza. E é por isso que a água pega essa resposta e a torce, espanca e rasga, mas em última instância a leva intacta para o Adrático."

nunca vi ninguém tão capaz de sentir um espaço.

essa imagem é de um rio de Cunha, à beira dele não há cidade, mas vejam em quantos projetos a água se desenha.

( em homenagem ao Edu)

espinhos



da mesma fonte que me motivou a fazer as pinturas abaixo, saiu este ouriço.
é uma peça de uns 20cm de diâmetro, o cerne é de veludo vermelho recortado em tiras, enrolado firmemente e recosturado, os espinhos são de molinhas de pasta - lembram das pastas onde encaixávamos as folhas furadas e prendiamos naquela lingueta metálica? isso, são elas mesmo. (as linguetas viraram outra coisa, qualquer dia eu mostro). pois bem, costurei molinha por molinha, confesso que no fim foi bem complicado emaranhar minhas mãos por entre elas.
mas está aí, a aparência pode causar um certo receio, mas o toque é uma experiência aprazível.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

interiores




lalica


hoje é aniversário da minha filhota querida, linda!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

rapa-pés


era um rapa-pés, estava na entrada de um museu de Joinville, a antiga casa do príncipe, mas poderia estar dentro de outro museu, como instalação moderna